Primeira capital brasileira a incentivar a reciclagem e contar com coleta seletiva de lixo, em 1989, Curitiba inova mais uma vez e propõe, agora, a redução dos resíduos gerados. Outra novidade é o envolvimento dos municípios da região metropolitana nesta campanha. “Reduza, reutilize, recicle, faça a sua parte” é o slogan do terapeuta Dr. Sigmundo, personagem criado para incentivar a redução do lixo. Personificando o planeta Terra, de forma lúdica e bem humorada, o Dr. Sigmundo provoca a reflexão de produtos orgânicos e materiais recicláveis em busca de saída para seus “conflitos”: consumo irrefletido, descarte inadequado e pressão sobre os recursos do planeta. Para a população como um todo, a campanha faz uso de vídeos publicitários, peças para mídia impressa, mobiliário urbano, busdoor e caminhões de coleta. Públicos específicos, como alunos da rede municipal de ensino e crianças em geral, recebem ações educativas direcionadas, com a participação dos personagens da campanha.
A iniciativa foi motivada pela necessidade de mudança de hábito da população. Mesmo sendo fortemente recomendável, a reciclagem não é a solução mágica para a destinação de resíduos sólidos. É preciso gerar menos resíduos, mesmo os recicláveis, e isto exige repensar o consumo.
Lançada em abril de 2014, já no primeiro mês de veiculação a campanha foi bem avaliada pela população. Foi considerada útil por 79% das pessoas que a viram, recebendo nota 10 de 32% delas. 87% dos que viram a campanha, principalmente na televisão, se disseram dispostos a seguir os conselhos do Dr. Sigmundo e reduzir a quantidade de lixo produzido em casa. Mesmo sendo esta uma campanha de médio e longo prazo, os dados sobre coleta domiciliar mensurados pelo Departamento de Limpeza Pública, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, refletem sua influência. Ainda que a análise da geração de resíduos seja bastante complexa, dado o número de variáveis envolvido, como o fato de a cidade ter sido uma das sedes da copa do mundo, maio ter data comercialmente expressiva, variações sazonais e do poder aquisitivo da população, entre outras, os indicadores analisados revelam tendência de queda na geração de resíduos. A redução do material coletado, considerando o mês de julho (o último avaliado nesta análise e que representa maior consolidação da campanha) em relação ao mês de abril (início da campanha), foi de 3,9% para a fração reciclável e de 10% para a fração orgânica.
A principal intenção da campanha é incentivar os cidadãos a reduzirem a quantidade individual de lixo gerado, o que significa conscientizar um país emergente da hora da compra. O grande desafio é estimular a consciência ambiental dos que sempre estiveram excluídos do consumo e que enfrentam, agora, uma limitação que não é mais econômica, mas de sustentabilidade.
Estabelecer diálogo e políticas públicas intermunicipais é possível e altamente recomendável. O desafio das regiões metropolitanas, principalmente em se tratando de questões ambientais, só pode ser superado pela colaboração.